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SOBRE O FASCINANTE
MUNDO DA PRESSÃO

O tratamento com Câmara Hiperbarica é realizado em sessões com duração de 90 a 120 minutos,dependendo da idade do paciente, peso, do tipo de lesão e da fase do tratamento.

Em câmaras monoplace (único paciente), O paciente permanece deitado dentro da câmara e respira a atmosfera de oxigênio livremente sem máscaras. Há intercomunicadores para contato direto da equipe de saúde com o paciente e vice-versa. O paciente pode se movimentar à vontade, assumindo posições que sejam mais confortáveis. Caso prefira, pode assistir televisão ou dormir, pois o ambiente da câmara é bastante silencioso.

Em câmaras multiplace (vários pacientes), os pacientes permanecem sentados, a câmara é pressurizada com ar e o oxigênio é fornecido por uma máscara bem adaptada ao rosto. Durante toda a sessão, um técnico de enfermagem ou outro profissional de saúde permanece dentro da câmara dando suporte aos pacientes. O resultado obtido em câmaras monoplace ou multiplace é rigorosamente o mesmo. A escolha de uma ou outra depende de características do paciente.

O número de sessões necessárias para a maior parte das lesões agudas é de 20 a 25, e para as lesões crônicas é de 40 a 50. No início, as sessões são realizadas diariamente, mas após as fases iniciais podem ser espaçadas para três vezes por semana; outras vezes podem ser necessárias interrupções do tratamento por algum tempo para procedimentos cirúrgicos ou outros.

É importante que a equipe médica esteja sempre em sintonia com o médico hiperbarista para que as decisões sejam tomadas em conjunto.

O oxigênio hiperbárico fornece um grande volume de oxigênio que, entrando pela respiração, é levado pela circulação ao corpo todo. Nos locais onde existe falta de oxigenação (hipóxia localizada) esse oxigênio é capaz de superar condições desfavoráveis locais e corrigir o funcionamento das células. Assim, as infecções são controladas, a cicatrização é retomada e os tecidos são recuperados.

Como se sabe, esse tratamento é benéfico para lesões tais como feridas, traumas, queimaduras, etc. Porém poderia também ser usado para pessoas sadias e mais que isso, para atletas?

Muitos estudos foram feitos para tentar demonstrar essa possibilidade. A ideia é que a aplicação de OHB poderia melhorar a performance de atletas, e inclusive vários deles afirmam que fazem uso de OHB para aumentar o desempenho. Porém não existe nenhuma evidência de que isso realmente aconteça. O oxigênio usado durante a recuperação de uma pessoa após uma atividade extenuante pode até talvez acelerar essa recuperação. Mas está longe de se pensar que essa possa ser uma indicação de uso de oxigênio hiperbárico.

E será que existe alguma indicação interessante de OHB para os atletas? Sim, para os atletas que sofrem alguma lesão muscular, ligamentar, óssea ou de pele e subcutâneo. Em qualquer lesão aguda, forma-se um local de hipóxia localizada. O tratamento adjuvante com OHB, ultrapassando esses pontos de hipóxia, pode acelerar a recuperação em um ou mais dias. Esse período de tempo pode ser irrelevante para uma pessoa comum, mas pode ser muito importante para um atleta que depende dessa recuperação para a atividade profissional.

Em resumo, para melhorar a performance dos atletas não há indicação de OHB, mas para acelerar a recuperação das lesões traumáticas desses profissionais pode-se sim empregar o tratamento adjuvante com OHB com ótimos resultados.

Essas duas doenças inflamatórias intestinais crônicas são devidas a alterações auto-imunes. Sua incidência é relativamente baixa, e as manifestações de ambas variam muito, desde diarreias leves, facilmente controláveis até alterações intestinais muito graves, que demandam cirurgias de urgência e com evolução às vezes devastadora. A maioria dos pacientes, com o tratamento específico, passam longos períodos sem sintomas entremeados de surtos mais graves.

Os sintomas dessas duas doenças inflamatórias intestinais são diferentes, a saber: Doença de Cröhn afeta os intestinos grosso e delgado, forma úlceras nas paredes intestinais e pode criar fístulas no períneo e na parede do abdome, e também entre as alças por dentro do abdome. Os pacientes tem diarréias muitas vezes sanguinolentas, dores abdominais e cólicas intensas e perda de peso. Quando têm fístulas, inevitavelmente tem infecções nesses locais, com secreção purulenta e malcheirosa e dor ao redor da fístula.

A retocolite ulcerativa (RCU) atinge somente o intestino grosso, formando úlceras múltiplas que podem sangrar abundantemente e provocar hemorragias graves. Os pacientes apresentam dor abdominal, anemia, diarreia e sangramentos de intensidade variável. Em casos muito descontrolados, pode ser necessário remover a colon completamente para cessar o sangramento.

A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é um tratamento adjuvante para essas duas doenças, com resultados bastante efetivos, aliviando muito os sintomas, reduzindo a necessidade de procedimentos cirúrgicos e promovendo cicatrização de úlceras e fístulas. Os efeitos da OHB para estes casos é o tratamento das infecções através da restauração dos mecanismos de defesa teciduais e criação de condições locais favoráveis para o funcionamento de antibióticos. Outro efeito muito importante é que a OHB por ser um imuno-modulador pode restaurar a resposta auto-imune alterada e ajudar o paciente a sair do surto.

Em nossas Clínicas de OHB do Grupo Oxigênio Hiperbárico temos tratado com resultados muito eficientes entre 10 e 15 pacientes portadores de doenças inflamatórias intestinais a cada ano. Cumpre esclarecer que o tratamento medicamentoso deve ser mantido de acordo com a orientação do médico do paciente. Observa-se que acrescentando-se OHB ao tratamento, o surto é controlado, os medicamentos podem ser espaçados e muitas vezes evita-se procedimentos cirúrgicos.

A prática da oxigenoterapia está regulamentada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 (Resolução CFM 1457/95) Os pontos mais importantes são os seguintes: 1o. A indicação de OHB é de exclusiva competência médica; 2o. A aplicação de OHB deve ser realizada por médico ou sob sua supervisão; 3o. Outros tipos de tratamento, tais como uso de O2 em tendas, ou em respiradores, mesmo a 100% não são caracterizados como oxigenoterapia hiperbárica. As indicações aceitas pelo C.F.M. fazem parte da mesma Resolução.

As câmaras hiperbáricas podem ser de dois tipos: multiplace (ou multipacientes), que comportam vários pacientes, são pressurizadas com ar e o oxigênio é dispensado através de máscaras e as monoplace (ou monopacientes) para um único paciente, que são menores e pressurizadas diretamente com oxigênio, sem necessidade de máscaras ou capuzes.

A OHB consiste no uso científico do oxigênio puro sob pressão com finalidade terapêutica, indicado para vários tipos de alterações patológicas. Para o tratamento, que é realizado em sessões, o paciente permanece dentro da câmara hiperbárica. O oxigênio puro entra pela respiração em grande volume, dissolve-se no plasma e distribui-se pela circulação pelo corpo todo, e atinge também os tecidos cujas alterações decorrem de hipóxia.

Tecidos orgânicos utilizam oxigênio continuamente. Apesar de absolutamente indispensável, o nível de oxigênio tecidual necessário é baixo, cerca de 35 a 40 mmHg, o que em condições normais é suficiente para todas as funções dos tecidos vivos, incluindo sua restauração quando ocorre uma lesão. Em muitas situações, bloqueio dos capilares, desestrutura da anatomia local por trauma, inflamação, edema, etc.nem mesmo este mínimo é alcançado. Cria-se uma hipóxia local, que dificulta as funções teciduais, entre as quais as defesas anti-infecciosas, principalmente a fagocitose dos polimorfonucleares.

A presença de infecção propicia um ambiente redutor que se acrescenta à hipóxia, acentuando seus efeitos. A reparação tecidual que deveria restaurar o tecido tal como era antes, fica impedida. Surgem as “feridas que não cicatrizam”, que incluem processos agudos como: traumas isquêmicos de extremidades: esmagamentos, desluvamentos, amputações traumáticas.fasciítes, miosites, celulites necrosantes,gangrena gasosa, gangrena de Fournier.queimaduras térmicas elétricas e deiscências infectadas de cirurgias. Os processos crônicos que evoluem para feridas não cicatrizam são: osteomielites crônicas úlceras de pressão (decúbito) úlceras varicosas, isquêmicas ou mistas pés diabéticos. lesões actínicas (por radioterapia), fístulas de várias etiologias (doença de Cröhn, pós cirurgias) e outras.

Todos os processos mencionados acima, tem em comum: isquemia local, tendência a infecção e a necrose, edema e inflamação. Apresentam muita dificuldade em cicatrizar e podem aumentar de tamanho e profundidade atingindo locais próximos que não estavam envolvidos nas fases iniciais. O OHB para esses casos é adjuvante e aplicado em conjunto com todas as demais medidas clínicas e cirúrgicas indicados para o tratamento dessas lesões.

As aplicações são realizadas em sessões que duram de 1 a 2 horas, conforme o tipo de paciente e os protocolos utilizados. Todos os efeitos descritos acima agindo simultaneamente provocam uma modificação local de tal forma que as “feridas que não cicatrizam” retomam a capacidade de restauração do tecido, tornando possível que o potencial de cicatrização, anteriormente bloqueado pela falta de oxigênio, possa expressar-se, fazendo com que os tecidos doentes se recomponham.

Entretanto, apesar do seu potente efeito, o tratamento com oxigênio hiperbárico não deve ser empregado como uma medida única; pode e deve ser associado ao tratamento convencional. Por outro lado, acrescentando-se OHB, muitos dos tratamentos habituais precisam ser modificados. Por exemplo, devem ser evitados desbridamentos extensos, que além de não serem mais necessários quando se emprega OHB, podem trazer riscos de hemorragia devido à neovascularização exuberante. Outros procedimentos, como aproximações, enxertos e retalhos podem ser realizados muito mais precocemente, sem risco de perdas. Observa-se também que há menor necessidade de antibióticos, de procedimentos cirúrgicos e redução do tempo de internação.

O dito popular “o que arde cura, o que aperta segura” leva as pessoas a acreditarem que é normal e aceitável sentir dor nas feridas tanto espontaneamente como durante as manipulações (curativos).

Isso não é verdade de forma alguma! A dor, está provado, traz vários inconvenientes. Em primeiro lugar, pelo conceito da humanização no trato com os pacientes, não sendo aceitável submete-los a procedimentos dolorosos, sem anestesia ou outras medidas amenizadoras. E, mais importante ainda, A DOR ATRASA A CICATRIZAÇÃO. A dor desencadeia liberação de fatores locais que reduzem a circulação (vasoconstritores) e a formação de tecidos novos no leito da ferida.

A manipulação das feridas deve ser realizada com extrema delicadeza, interrompendo-se o procedimento se houver dor. A remoção dos curativos não pode ser feita de forma agressiva, materiais aderidos não devem ser arrancados, que geralmente é o procedimento que provoca a maior dor. Deve-se molhar o curativo com água morna limpa. Se não sair com facilidade, pode-se mergulhar a ferida em água morna até se soltarem as gazes. Se mesmo assim, houver dor, o paciente deve tomar analgésicos antes da realização dos curativos. Na parte da ferida que está sem pele, não deve ser colocado nenhuma substância irritante como vinagre, limão, e mesmo pomadas ou produtos que provoquem dor, para não agravar mais ainda a lesão e não atrasar a cicatrização.

Por outro lado, há feridas que não apresentam dor nenhuma. São geralmente localizadas em locais insensíveis do corpo, como em pacientes paraplégicos ou em alguns diabéticos que devido a neurite grave, perdem a sensibilidade. Essas feridas podem tornar-se enormes, porque o paciente não percebe que a lesão está aumentando. Nesses casos, também a manipulação tem que ser realizada com delicadeza para não provocar sangramento nem aprofundamento da lesão.

O processo de cicatrização normal se completa em um mês habitualmente. Qualquer ferida ou ferimento que não cicatriza nesse período é classificado como “ferida que não cicatriza” e deve ser avaliado por um profissional para entender por que a cicatrização não está ocorrendo e orientar o tratamento especializado.

Entre outros fatores o que pode estar impedindo a cicatrização é a falta de oxigênio no local, o que impede o funcionamento dos mecanismos de formação de tecidos e de combate à infecção. Nesses casos está indicado o tratamento adjuvante com Oxigênio Hiperbárico.

Como o nome indica, é um teste no qual se submete uma pessoa a um determinado nível de pressão, dentro de uma câmara hiperbárica.

A finalidade desse teste é simular de forma controlada e segura, alguma situação hiperbárica (pressão aumentada) que a pessoa terá que enfrentar (geralmente por motivos profissionais). Uma atividade que é realizada sob pressão e que poucas pessoas conhecem é a construção de túneis, viadutos ou pontes.

As pontes e os viadutos são apoiados em grandes pilares chamados tubulões que se aprofundam muitos metros dentro do solo ou da água. Os tubulões são estruturas ocas, que depois são preenchidas com concreto, para adquirir grande resistência. Entretanto durante a colocação dos tubulões dentro da terra, os operários devem trabalhar no seu interior. Para impedir a entrada de água, é injetado ar comprimido dentro das estruturas, e assim, os trabalhadores permanecem trabalhando sob pressão, como se fossem mergulhadores dentro da água.

Existem muitas normas de segurança obrigatórias para prevenir acidentes e doenças causadas pela pressão aumentada. Dentre outras, uma das obrigações é a realização do “teste de pressão” para esses funcionários. O teste é realizado de forma controlada dentro de uma câmara hiperbárica com a presença de um técnico de enfermagem dentro da câmara junto aos funcionários que estão sendo testados. São testadas a capacidade de trabalho em local confinado e pressurizado, a tolerância à elevação da pressão de nitrogênio e de oxigênio, e a capacidade motora fina. É realizada avaliação médica antes e depois do teste, para verificar se ocorreu alguma alteração devido à pressão elevada com especial atenção aos ouvidos, examinando-se cuidadosamente os tímpanos para verificar se houve algum barotrauma (trauma causado por pressão).

Ao final do teste, é emitido um laudo médico sobre o desempenho de cada um dos funcionários, para que possam ser designados com segurança à atividade de trabalho sob pressão.

A maior parte das pessoas pensa que as vítimas de incêndio morrem queimadas. Porém em muitos casos, a causa da morte é intoxicação por monóxido de carbono. Essa intoxicação acontece principalmente quando as pessoas ficam em locais confinados e com fumaça. Esse gás é formado quando existe combustão incompleta de alguns materiais orgânicos como madeira, panos e outros.

Ao aspirar o ar contaminado com monóxido de carbono, a pessoa apresenta graus progressivos de alterações neurológicas, como sonolência progressiva, convulsão, até entrar em coma e morrer em parada respiratória e cardíaca. É um gás sem nenhum odor e pode intoxicar mesmo que esteja em proporção de 0,001% no ar.

Se a pessoa consegue sair ou é retirada em tempo do ambiente de incêndio, certamente estará intoxicada. Nessa fase, o diagnóstico de intoxicação por monóxido de carbono é importantíssimo por dois motivos. Primeiro porque a intoxicação pode progredir e causar óbito, principalmente se a pessoa já estiver inconsciente. Em segundo lugar, das pessoas que aparentemente conseguem se curar sem tratamento, a maioria apresenta sequelas permanentes. Essas sequelas vão desde alterações de personalidade como nervosismo e agressividade até sonolência excessiva e síndrome de pânico e demência, inclusive podendo tornar a pessoa incapacitada para retomar suas atividades habituais.

O único tratamento eficiente para a intoxicação por monóxido de carbono é o oxigênio hiperbárico (OHB), que deve ser iniciado o mais precocemente possível. Nesses casos, vê-se que o paciente acorda e melhora retornando ao normal durante a sessão. Geralmente uma só sessão é suficiente, porém se os sintomas não desaparecem completamente realizam-se sessões adicionais.

A recomendação é que todas as pessoas que permaneceram em ambiente fechado com fumaça de incêndio por 30 minutos ou mais, sejam submetidos ao OHB, mesmo que tenham sintomas muito leves.

A divulgação dessas informações e sua colocação em prática, poderá salvar milhares de vidas.

O oxigênio hiperbárico (OHB) consiste na inalação de oxigênio a 100% numa pressão acima da pressão atmosférica, estando o paciente em ambiente hiperbárico (dentro de uma câmara hiperbárica). Dessa forma, pela respiração, oxigênio em grande quantidade penetra no corpo e através da circulação atinge todos os pontos do organismo, dissolvido no plasma. Nos pontos em que existe alguma alteração celular ou tecidual (inflamação, infecção, distúrbio auto-imune, isquemia) a presença de oxigênio restaura muitas das funções necessárias para controle dessas alterações mencionadas.

Quando existe um ferimento em qualquer ponto do corpo, imediatamente no local são mobilizadas células e hormônios que promovem a cicatrização do tecido lesado e restauração da pele. A cicatrização normal deve ocorrer em aproximadamente 30 dias. Os curativos e outros cuidados locais mantendo a ferida limpa, contribuem par a que a cicatrização possa ocorrer. Pela programação interna do organismo, a ferida deve cicatrizar de forma a retornar o tecido ao mais próximo do que era antes de ocorrer a lesão.

Se a ferida não cicatriza no tempo previsto, ela é denominada “ferida que não cicatriza”. Nesse caso, a área aberta não tem defesa contra as bactérias e há infecções de maior ou menor intensidade. Os tecidos ao redor e dentro da lesão devido à falta de circulação formam crostas escurecidas (necroses) que com o tempo se soltam. Aos poucos as feridas que não cicatrizam vão aumentando em diâmetro e profundidade. Em alguns casos, os ossos podem ser alcançados pela ferida e se infeccionam formando osteomielites.

As feridas que não cicatrizam ocorrem mais frequentemente em membros inferiores (pés e pernas) e em pacientes diabéticos, hipertensos ou com outras doenças crônicas. Outro tipo de “feridas que não cicatrizam” são aquelas lesões que ocorrem em pacientes acamados por longo tempo, as úlceras de pressão ou úlceras de decúbito, causadas pela compressão dos tecidos contra uma saliência de osso. São mais comuns na região sacral, mas podem acontecer em qualquer local que tenha um ponto de osso saliente. Essas lesões podem se tornar muito extensas e muito profundas, causando desnutrição no paciente porque as grandes áreas cruentas e infeccionadas consomem muita energia e mesmo assim, geralmente não cicatrizam.

O OHB, como já foi explicado, leva oxigênio em grande quantidade a todos os tecidos. Os mecanismos internos de cicatrização que estavam bloqueados devido à falta de oxigenação, passam a funcionar e a programação de restauração tecidual é retomada. As necroses deixam de ocorrer, a infecção local é controlada; a área aberta começa a apresentar um tecido chamado “tecido de granulação” com aspecto saudável. A recuperação da pele ocorre pela periferia da ferida ou ao redor de ilhas de pele que possam ter sobrado no leito da ferida.

Esses efeitos ocorrem sequencialmente aos poucos. Os demais cuidados com as feridas devem ser mantidos, tais como curativos, controle de doenças crônicas, abandono do cigarro, eventualmente antibióticos em casos de infecções mais graves. É importante saber que todos os tipos de curativo são compatíveis com o OHB e que não há necessidade de serem removidos durante as sessões. Em casos de feridas muito extensas ou profundas pode haver necessidade de procedimentos cirúrgicos como enxertos ou retalhos para promover o fechamento. Nesses caso, logo após a cirurgia retornamos o tratamento com OHB para garantir que não haja perdas de tecidos.

O oxigênio hiperbárico (OHB) consiste na inalação de oxigênio a 100% numa pressão acima da pressão atmosférica, estando o paciente em ambiente hiperbárico (dentro de uma câmara hiperbárica). Dessa forma, pela respiração, oxigênio em grande quantidade penetra no corpo e através da circulação atinge todos os pontos do organismo, dissolvido no plasma. Nos pontos em que existe alguma alteração celular ou tecidual (inflamação, infecção, distúrbio auto-imune, isquemia) a presença de oxigênio restaura muitas das funções necessárias para controle dessas alterações mencionadas.

Nos pacientes oncológicos, pode haver indicação de OHB como tratamento adjuvante em alterações que também são encontradas em pacientes não oncológicos, como infecções de ferida cirúrgica, feridas que não cicatrizam, etc.

Porém nesses pacientes pode existir uma indicação extremamente específica de tratamento com OHB que são as lesões tardias ocasionadas pela radiação ionizante (radioterapia) chamadas também de lesões actínicas. Essas lesões ocorrem nas proximidades da área irradiada e são causadas pelo comprometimento da circulação dos tecidos, que se tornam tecidos 3H (hipóxicos, hipovasculares e hipocelulares) ou seja com poucos vasos circulatórios, pouco oxigênio e pouca células. São tecidos fibróticos, doentes, que formam feridas facilmente, sangramento, necrose e muita dor. Uma característica interessante é que essas lesões vão se acentuando com o passar do tempo. Assim as manifestações podem acontecer muitos anos após a aplicação da radioterapia.

As lesões actínicas mais frequentes são nos ossos da mandíbula, na bexiga, no reto e nas mamas, que são onde existem os tumores mais frequentemente tratados com radioterapia. Essas lesões apresentam sintomas extremamente desconfortáveis para os pacientes, como dor, sangramento, necrose. Muitos pacientes, mesmo curados do tumor inicial, ficam impedidos de realizar as atividades de vida diária. Algumas vezes, as lesões actínicas não são aparentes, mas se manifestam quando o tecido é manipulado. Isso é relativamente comum quando se pretende corrigir alterações dentárias, com colocação de implantes em mandíbulas que foram irradiadas no passado. Ao ser manipulado, o osso necrosa e o implante se perde.

Nesses tecidos com lesões actínicas, o OHB tem um efeito único, que é restaurar a circulação através da formação de novos vasos (neovascularização), com o que a oxigenação do tecido retorna e as células reaparecem. Esse efeito chega ao máximo quando o paciente recebe vinte sessões de OHB com recuperação do 80% da circulação.

Em nossa experiência com 94 pacientes encaminhados para tratamento, houve regressão total dos sintomas em 85% deles e regressão parcial em outros 10%, o que é um resultado excelente considerando a complexidade e gravidade desses casos.

Uma observação importante relacionada a oncologia é que o OHB NÃO agrava tumores residuais, nem desencadeia recidivas ou metástases, portanto não há possibilidade de haver nenhuma piora oncológica.

Na construção civil empregam-se ambientes pressurizado artificialmente dentro de tuneis ou tubulões, para evitar entrada de água ou desmoronamento das paredes. Nesses casos, os trabalhos são realizados em ambiente pressurizado, consistindo em trabalho insalubre em grau máximo. No Brasil, a regulamentação dessa atividade pelo Ministério do Trabalho está no Anexo 6 da NR 15. A pressurização é conseguida pela injeção de ar comprimido e existem tabelas específicas que relacionam a pressão máxima permitida, para cada intervalo de tempo de permanência no interior dos equipamentos. A descompressão também precisa ser realizada de forma controlada e gradual, em etapas de acordo com as tabelas pré-estabelecidas.

Existe a possibilidade desses trabalhadores sofrerem doença descompressiva, caso as tabelas de descompressão não sejam obedecidas. Essa doença ocorre por liberação, durante a descompressão, de bolhas do nitrogênio dissolvido no plasma. As bolhas formam-se nos tecidos e no sangue, circulando pelo corpo. Provocam um processo inflamatório intenso e muito doloroso. Os sintomas relacionados dependem da localização das bolhas, mais frequentemente em articulações, sistema nervoso e pele. As doenças descompressivas são tratadas em câmaras hiperbáricas com tabelas de recompressão terapêutica. Podem ser tratadas tanto em câmaras monoplace quanto multiplace. O tratamento deve sempre ser realizado devido à possibilidade de agravamento dos sintomas com o passar do tempo.

Testes de Pressão São obrigatórios pela NR 15 e consistem em testes realizados antes da admissão dos trabalhadores para avaliar a capacidade de tolerância ao ambiente hiperbárico, verificar a tendência a apresentar nacose pelo Nitrogênio e intoxicação pelo oxigênio. Esses testes tem de ser realizados em câmaras multiplace. Podem ser realizados tanto para trabralhadores de construção civil como para mergulhadores profissionais e eventualmente para mergulhadores recreacionais.

Para realizar procedimentos cirúrgicos há vinte anos, era obrigatório que para atingir os órgãos internos a serem operados (estômago, vesícula, intestino, útero, etc) o cirurgião tinha que abrir e depois fechar a parede do corpo. Atualmente, grande parte das cirurgias é realizada através de mínimos orifícios por meio de laparoscopia ou robótica. Com isso reduziram-se muito as evoluções desfavoráveis que aconteciam nas incisões cirúrgicas, por ser esse um procedimento com alto índice de complicações.

Porém existem cirurgias nas quais é inevitável que se realizem incisões na parede do corpo. De modo geral, todas as cirurgias plásticas estão nessa categoria, pelo fato de que a própria cirurgia é sobre a parede e não um caminho para entrar dentro do corpo.

As complicações mais comuns das cirurgias de parede são: deiscência (abertura da incisão), necrose (falta de circulação suficiente com a morte dos tecidos na borda da incisão) visível pelo aspecto caraterístico de crosta preta ou marron escuro e infecção devido a entrada de bactérias (aspecto inflamado, vermelho e secreção com pus). Geralmente essas complicações podem aparecer juntas ou isoladamente na mesma incisão.

Mas por que essas complicações podem acontecer? A causa principal é a falta de oxigenação suficiente para garantir a cicatrização da incisão da cirurgia. Quanto maior e mais movimentação ocorre na cirurgia, maior é a chance dessas complicações ocorrerem.

A presença de câncer também é um fator adicional para a ocorrência dessas complicações. Nesses casos, a imunossupressão do câncer se soma à falta de oxigenação.

O tratamento com oxigênio hiperbárico nesses casos é extremamente efetivo, pelos efeitos específicos da OHB que são: cicatrização, combate à infecção e principalmente a recuperação dos tecidos parcialmente viáveis que são aqueles pontos nos quais tem sofrimento de tecido (arroxeado) porém ainda não necrose.

É importante observar que desde 1995, o Conselho Federal de Medicina considera como indicação adequada de uso de oxigênio hiperbárico em “retalhos ou enxertos de risco ou em sofrimento”. Isso significa que desde que surgem os primeiros sinais de complicação em incisões deve-se tratar com OHB para impedir a progressão do processo. Ainda mais, o termo “de risco” quer dizer que se ao término de um desses procedimentos, o cirurgião avalia que por falta de tecido suficiente, por tensão nos pontos da incisão ou por outros sinais, a chance de complicar é relevante, mesmo que ainda não tenha nenhum sintoma, deve indicar o tratamento com OHB.

Por outro lado, o uso de OHB antes de algum procedimento de risco é inútil. O tecido ainda não manipulado é normal e não se modifica com OHB.

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